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Os Cinco Pontos

O termo Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma protestante, exposto e defendido por João Calvino (1509-1564). A visão Calvinista abrange todas as áreas da Teologia, Calvino nas Institutas da Religião Cristã trata desde a doutrina de Deus à vida cristã. Entretanto o Sínodo de Dort (1693d.C.) pondo em exame e comparando-a com os ensinos do herege Arminius, a sistematizou em cinco pontos, a saber: (1) Depravação total, (2) Eleição incondicional, (3) Expiação limitada, (4) Graça Irresistível, (5) Perseverança dos Santos. É importante deixar claro que estes cinco pontos não são tudo o que João Calvino ensina, mas foram tão somente os fundamentados nas doutrinas ensinadas por ele. Segue abaixo estudos relacionados a estes cinco pontos.
João Calvino e “Os Cinco Pontos do Calvinismo”

É muito comum se ouvir falar
sobre “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. Eu mesmo, quando me tornei aluno da
classe de catecúmenos, com a finalidade de ser membro da Igreja Presbiteriana
do Brasil, lembro-me de ouvir por várias vezes falar sobre esse assunto.
Contudo, meu raciocínio não era outro, senão, o de achar que o autor destes
pontos era de fato o próprio reformador do século XVI: João Calvino. Mas
somente no Seminário pude ter um contato mais próximo com obras literárias
que falavam sobre o assunto, e, desta forma, creio ter sido esclarecido sobre o
que realmente vem a ser “Os Cinco Pontos do Calvinismo”.
Portanto, o objetivo deste
pequeno artigo é esclarecer de forma simples quem de fato escreveu os chamados
“Cinco Pontos do Calvinismo”, por qual razão e porque eles são “cinco
pontos” ao invés de sete ou dez. Além disso, procuraremos destacar a sua
relevância para a nossa teologia.
1. Autoria
Ao contrário do que muitos
pensam, não foi João Calvino quem escreveu “Os Cinco Pontos do
Calvinismo”. Talvez algumas pessoas ficarão impressionadas com esta afirmação.
No entanto, a magna pergunta que se faz é: Se não foi Calvino, quem foi então?
“Estes cinco pontos foram formulados pelo Sínodo de Dort, Sínodo este
convocado pelos estados Gerais (da Holanda) e composto por um grupo de 84 Teólogos
e 18 representantes seculares, entre esses estavam 27 delegados da Alemanha, Suíça,
Inglaterra e outros países da Europa reunidos em 154 Sessões, desde 13 de
novembro de 16 18 até maio de 1619” . [1] Portanto, peca por ignorância quem
afirma ser João Calvino o autor destes cinco pontos, porque na verdade, a
afirmação correta é que estes “pontos” foram fundamentados tão somente
nas doutrinas ensinadas por ele. Aliás, este sistema doutrinário, se assim
podemos chamá-lo, foi elaborado somente 54 anos após a morte do grande
reformador (1509-1564).
2. Razão de sua
Escrita
Os Cinco Pontos do Calvinismo
foram formulados em resposta a um “documento que ficou conhecido na história
como ‘Remonstrance’ ou o mesmo que ‘Protesto’”, [2]apresentado ao Estado
da Holanda pelos “discípulos do professor de um seminário holandês chamado
Jacob Hermann, cujo sobrenome latino era Arminius (1560-1600). Mesmo
estando inserido na tradição reformada, Arminius tinha sérias dúvidas quanto
à graça soberana de Deus, visto que era simpático aos ensinos de Pelágio e
Erasmo, no que se refere à livre vontade do homem”. [3] Este
documento formulado pelos discípulos de Arminius tinha como objetivo
mudar os símbolos oficiais de doutrinas das Igrejas da Holanda (Confissão
Belga e Catecismo de Heidelberg ), substituindo pelos ensinos do seu
mestre. Desta forma, a única razão pela qual Os Cinco Pontos do Calvinismo
foram elaborados era a de responder ao documento apresentado pelos discípulos
de Arminius.
3. Porque Cinco Pontos?
Este documento formulado pelos
alunos de Jacob Arminius tinha como teor cinco principais pontos, conhecidos
como “Os Cinco Pontos do Arminianismo. E como já
dissemos logo acima, em resposta a este Cinco Pontos do Arminianismo, o Sínodo
de Dort elaborou também o que conhecemos como “Os Cinco Pontos do
Calvinismo” ao invés de sete ou dez. Estes pontos do calvinismo
são conhecidos mundialmente pela palavra TULIP, um acróstico
popular que na língua inglesa significa:

T otal
Depravity
Total Depravação
U nconditional
Election
Eleição Incondicional
L imited AtonementExpiação Limitada
I rresistible GraceGraça Irresistível
P erseverance of
Saints
Perseverança dos Santos

4. Os Cinco Pontos do
Arminianismo Versus Os Cinco Pontos do Calvinismo [4]
ArminianismoCalvinismo

1. Vontade
Livre – O arminianismo diz que a vontade do homem é
“livre” para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás.
A salvação, portanto, depende da obra de sua fé.

1. Depravação
Total – O calvinismo diz que o homem não regenerado é
absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz
de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se),
dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem,
antes que este possa crer em Cristo.

2. Eleição
Condicional – O arminianismo diz que a “eleição é
condicional, ou seja, acredita-se que Deus elegeu àqueles a quem
“pré-conheceu”, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que
o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição
estabelecida pelo homem.

2. Eleição
Incondicional – O calvinismo sustenta que o pré-conhecimento
de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo
que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária
inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte
de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.

3. Expiação
Universal – O arminianismo diz que Cristo morreu para
salvar não um em particular, porém somente àqueles que
exercem sua vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí,
a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm
volição negativa, isto é, os que não querem aceitar, irão para o
inferno.

3. Expiação
Limitada – O calvinismo diz que Cristo morreu para salvar pessoas
determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a
eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida,
porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça”
de Deus, quando forem lançados no inferno.

4. A Graça
pode ser Impedida – O arminianismo afirma que, ainda que o
Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que
Deus ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), ainda
assim, como a vontade de Deus está amarrada à vontade do homem, o
Espírito [de Deus] pode ser resistido pelo homem, se o homem assim o
quiser. Desde que só o homem pode determinar se quer ou não ser
salvo, é evidente que Deus, pelo menos, “permite” ao homem
obstruir sua santa vontade. Assim, Deus se mostra impotente em face da
vontade do homem, de modo que a criatura pode ser como Deus, exatamente
como Satanás prometeu a Eva, no jardim [do Éden].

4. Graça
Irresistível – O calvinismo entende que a graça de Deus não
pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os
calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade
obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça
irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda
que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no
dom da vida, conhecido como regeneração. Desde que todos os
espíritos mortos (= alienados de Deus) são levados a Satanás,
o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (=
regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus (o Deus dos
vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá a seus escolhidos o Espírito
de Vida. No momento que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual
deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e
orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e
orientados para Deus.

5. O Homem
pode Cair da Graça – O arminianismo conclui, muito
logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria
vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão,
pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de
atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos
acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação,
cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma
“teologia de obras” – pelo menos no sentido e na extensão em
que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo). Esta
possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de
“queda (ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda,
se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode
tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus
pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua continua
volição positiva até à morte!

5.
Perseverança dos Santos – O calvinismo sustenta muito
simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada
inteiramente pelo Senhor – e que o homem nada tem a fazer antes,
absolutamente, “para ser salvo” -, é óbvio que o “permanecer
salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal
que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão’ pela simples
razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou.
Por isso, os cinco pontos de TULIP incluem a Perseverança dos
Santos .
5. Considerações
Finais
Para inteirar o leitor do todo
da história, Spencer nos diz que após o Sínodo de Dort se reunir em 154 Sessões
num “completo exame das doutrinas de Arminius e comparar cuidadosamente seus
ensinos com os ensinos das Escrituras Sagradas, chegaram à conclusão que os
ensinos de Arminius eram heréticos”. [5] “E não somente isto, mas o Concílio
impôs censura eclesiástica aos ‘remonstrantes’ depondo-os dos seus cargos, e
a autoridade civil (governo) os baniu do país por cerca de seis anos”. [6]

Diante disso, creio que a diferença crucial entre o Arminianismo e o Calvinismo se resume na palavra
Soberania. Enquanto os calvinistas entendem que Deus opera a salvação na vida
do ser-humano conforme a sua livre e soberana vontade, os arminianos salientam
que o homem é capaz de por si só querer ou não ser salvo. Se partirmos da
premissa que o homem está completamente morto diante de Deus como nos ensina Efésios
2:1, entenderemos porque a salvação depende tão somente da graça e da
misericórdia do SENHOR, pois “não depende de quem quer ou quem corre,
mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9:16). Portanto, creio que os
objetivos deste artigo foram de fato alcançados, demonstrando assim a
verdadeira história dos “Cinco Pontos do Calvinismo”. Que assim,
queira o Senhor nosso Deus nos abençoar e nos dar sempre a graça de sermos
verdadeiros propagadores da história reformada.

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