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O DÉCIMO SEGUNDO PASSO (Visão Terapêutica)

O Décimo Segundo Passo diz: “Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses passos, procuramos transmitir essa mensagem aos alcoólatras e praticar esses princípios em todas as nossas atividades”.
Diz ainda o texto: “O prazer de viver é o tema e a ação sua palavra-chave”.
Viver bem em todos os momentos pode parecer utópico, a princípio. Mas, segundo Alcoólicos Anônimos, isso pode ser conseguido a partir de um elemento simples, o chamado despertar espiritual. A meu ver, esse despertar significa descobrir uma motivação básica que oriente e impulsione todas as ações do indivíduo. Dessa maneira, torna-se muito simples explicar a razão do sucesso do programa dos Doze Passos.
 
A derrota diante da dependência alcoólica trouxe o fim do sofrer, através da consciência do sofrimento, esta evidenciou a necessidade de mudar e reformular comportamentos, caráter, conceitos e valores, e a busca dessa reformulação – a luz da fé na viabilidade e eficácia dos métodos empregados – resulta em mobilização psíquica e prazer. Enfim, orientado pela certeza de necessitar crescer sempre, o alcoolista em recuperação empenha-se em praticar os Doze Passos em todos os momentos do seu dia, retirando daí o chamado combustível espiritual necessário a manter em movimento seu processo de crescimento.
Acredito que o despertar espiritual não seja mais do que a descoberta de que é possível obter prazer através do simples esforçar-se em direção a um objetivo claro e incontestável.
 
A partir de então, resta agir. E a ação que se promove, a partir da necessidade de manter a máquina em movimento, direciona-se automaticamente aos elementos desenvolvidos em todos os outros passos de ação. A prática diária ou sistemática da interparticipação grupal, do inventário, da reparação, da oração, da meditação, etc., é originalmente, cada degrau do crescimento e, portanto, gera prazer por si só.
 
Viver, diária e plenamente, os Doze Passos, essa é a fórmula de ação. Aplicá-la ao trabalho, ao lazer, ao lar e ao grupo, adaptá-la ao seu ritmo e estilo de vida, torna simples e prazeroso o relacionamento e a convivência em sociedade, a partir de que é honesto e prazeroso o convívio consigo.
 
Agora, ser honesto não significa, apenas, um valor moral e sim, um passo em direção ao objetivo consciente de crescer e libertar-se e, portanto, gratifica. Assim como pedir desculpas não significa humilhar-se porque encerra propósitos claros. Viver, cada momento, com um objetivo maior que a segurança material, a estabilidade afetiva e o destaque pessoal, é a chave da chamada sobriedade.
 
Acredito, portanto, que o Décimo Segundo Passo sintetiza a fórmula do programa de tratamento do alcoolismo sugerido por Alcoólicos Anônimos quando se refere a “praticar esses princípios em todas as nossas atividades”.
 
E o mais importante de tudo isso: assim como a doença e o sofrimento igualou indivíduos diferentes, o objetivo comum os une e os mantém semelhantes em propósitos e métodos. A ajuda mútua é, portanto, o meio comum que complementa motivações e objetivos únicos e qualifica o uso do termo “irmandade”.

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